Concretos autocicatrizantes
Um dos maiores problemas da utilização do concreto é a sua conhecida baixa resistência a tração. Quando o concreto está submetido a tensões de tração, sejam elas devido a aplicação do carregamento externo (tração ou flexão) ou ainda devido a cargas internas (retração ou dilatação térmica), ele torna-se suscetível ao aparecimento de fissuras. Por sua natureza, fissuras são vazios que somam-se a natural porosidade do concreto, permitindo que fluídos como água e gases penetrem com maior facilidade no concreto, possibilitando patologias como o ataque de cloretos, carbonatação e corrosão de armaduras.
Com o objetivo de evitar que estas fissuras aumentem o transporte de fluídos no interior do concreto, surgiram os aditivos redutores de permeabilidade, conhecidos como autocicatrizantes. Tais aditivos tem por característica reagirem com a água presente nos vazios do concreto, seja a água residual do amassamento ou a que possa penetrar através dos vazios, gerando compostos cristalizados que colmatam os espaços vazios internos do concreto através do aumento de volume que eles geram.
Este processo gera uma redução considerável na permeabilidade do concreto, estancando-o e não permitindo o transporte de fluídos que possam ser prejudiciais. Ao utilizar-se de aditivos redutores de permeabilidade, o concreto ganha um incremento de vida útil considerável, haja visto que é o excesso de permeabilidade do concreto que causa as suas piores patologias de longo prazo.
Outro ganho importante é que com a redução da permeabilidade, cria-se uma barreira adicional a pressões de água, tanto positivas quanto negativas. Deste modo, o aditivo redutor de permeabilidade pode tornar-se parte de um sistema de impermeabilização, contribuindo expressivamente para estacar fluxos de água através de estruturas de concreto. Assim, tais concretos podem ser utilizados para lajes de coberutra, fundações, piscinas e reservatórios.
(a) Produto do aditivo cristalizante recém-formado visível encontrado no poro; (b) Detalhe do produto. FONTE: Hodul et al, 2020